À luz de Marcos Bagno, figura norte deste evento, em comunhão com o ideais sociolinguísticos revolucionários de Labov, consideramos a Língua uma ferramenta social e política. Assim, quando Bagno enfatizou esta visão, na seguinte citação de sua obra, intitulada “Gramática Pedagógica do Português Brasileiro”: “(...) reconhecimento do português brasileiro como uma língua plena, autônoma, que deve se orientar por seus próprios princípios de funcionamento e não por uma tradição gramatical voltada exclusivamente para o português europeu literário antigo linguístico, rompendo os padrões obsoletos que estruturam a Língua Portuguesa.” (BAGNO, 2012), entendemos a importância de disseminar o debate linguístico no nosso cotidiano universitário.
A língua portuguesa vem sendo utilizada há muitos anos como importante ferramenta na movimentação de classes. Ela segrega, discrimina e restringe, como também exalta e engrandece. A peneira que distingue os faltantes beneficiados dos sentenciados é evidentemente a Gramática Normativa.
Este conjunto de regras é apresentado aos indivíduos no início do processo de desenvolvimento humano como o único bom caminho para o usufruto de nossa língua materna. No entanto, quando um alguém rompe os limites da fala e da escrita, sua máscara cai e, então, nos deparamos com todas as máculas da sua verdadeira face.
Mulheres, afrodescendentes, a classe LGBT*, por exemplo, sofrem constantemente com o cerco imposto pela Gramática Normativa.
Ela valoriza majoritariamente o homem (quando o conjunto de indivíduos é designado por uma palavra escrita no gênero masculino), é branca (quando se vale de termos pejorativos como “denegrir”), é cissexista (quando delimita gêneros nos discursos de determinados indivíduos, desprezando as pessoas que não se encaixam nos gêneros impostos pelo padrão social).
A falta de inclusão dessas classes no ensino de literatura também é uma triste realidade. E será que nós, professores de Língua Portuguesa e das linguagens que a complementam, já paramos para refletir sobre isso?
A Semana de Letras 2015 vem com tudo, debatendo a atual conjuntura do ambiente de ensino, provocando estudantes, professores, pesquisadores de todas as áreas. O principal objetivo é pensar uma nova escola, uma nova Universidade e uma nova sociedade. Romper é o primeiro passo, resistir é o caminho!
Nos dias 15, 16, 17, 18 e 19 de Junho de 2015
Maiores detalhes no blog do evento.
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